Bolsonaristas mobilizaram as ruas no 7 de setembro, mas foram os opositores que dominaram as redes sociais

No dia 7 de setembro, o Brasil assistiu a manifestações favoráveis ao governo Jair Bolsonaro. O número de manifestantes–principalmente em São Paulo e Brasília–foi significativo. Por um lado, uma grande mobilização já era esperada, principalmente porque governistas e o próprio presidente incentivaram e organizaram o evento com antecedência. Por outro lado, a mobilização não superou os protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, ficando aquém do potencial de mobilização demonstrado nos últimos anos.

Como as redes sociais refletiram as manifestações do dia 7 de setembro? A força da mobilização governista se repete no ambiente virtual? Para responder a essas perguntas, a plataforma de social listening da A_Estratégia acompanhou o debate sobre as manifestações pró-governo entre os dias 1 e 7 de setembro. A partir dessa análise, A_Estratégia identificou 3 insights importantes, que destoam de uma análise inteiramente baseada no movimento das ruas.

Durante a semana, as discussões sobre o 7 de setembro no Facebook, Twitter, Instagram e na Web em geral somaram 4.750 menções únicas, com alcance estimado de cerca de 11 milhões de pessoas. A rede social que mais se destacou como palco para as discussões foi o Facebook, com 1.762 menções. O pico do debate sobre o tópico se deu no dia 6 de setembro, momento em que se especulava sobre o que aconteceria no dia seguinte.

Volume das discussões sobre as manifestações do dia 7 de setembro por dia

Distribuição das publicações sobre as manifestações do dia 7 de setembro

O primeiro insight sobre o padrão de mobilização nas redes sociais apontado pela análise da A_Estratégia é que há diferenças significativas no comportamento de apoiadores e opositores do governo a depender da plataforma analisada. Por exemplo, bolsonaristas são altamente articulados em páginas do Facebook, enquanto opositores tendem a ter mais destaque em perfis do Twitter.

Dos 15 perfis e páginas no Facebook que mais influenciaram o debate sobre o 7 de setembro–considerando o alcance das publicações–, 6 são explicitamente apoiadores do governo Bolsonaro, e 3 são opositores (o restante foi classificado como neutro/notícia).

Algumas páginas que se destacam como apoiadoras da manifestação foram: Operação lava Jato – eu apoio (mais de um 1 milhão de seguidores), Assembleianos de VALOR (cerca de 900 mil seguidores), Eu era direita e não sabia (420 mil seguidores), e Mulheres Unidas A FAVOR do Bolsonaro (417 mil seguidores).

Já no Twitter, das 15 páginas ou perfis que mais influenciaram o debate sobre o 7 de setembro–considerando o alcance das publicações–, 2 apoiaram as manifestações, e 6 se posicionaram criticamente a elas. Se destacaram como influencers críticos às manifestações o ex-presidente Lula (2,7 milhões de seguidores), a atriz Ingrid Guimarães (2,3 milhões de seguidores), o psolista Guilherme Boulos (1,5 milhão de seguidores), e a petista Gleisi Hoffmann (830 mil seguidores).

Maiores influenciadores do debate sobre as manifestações do dia 7 de setembro no Facebook

Maiores influenciadores do debate sobre as manifestações do dia 7 de setembro no Twitter

O segundo insight identificado pela A_Estratégia é que, apesar do governo ter conseguido mobilizar apoiadores no dia 7 de setembro, a oposição foi mais bem-sucedida no alcance de suas publicações nas redes sociais. Se considerarmos todas as redes sociais + Web, o alcance estimado de publicações contrárias ao governo Bolsonaro e às manifestações do dia 7 de setembro foi de 667,1 mil. Já o alcance estimado das publicações a favor da mobilização governista foi de 169,4 mil. Essa diferença expressiva nos mostra que manifestações não refletem necessariamente a distribuição das preferências da população. Ao contrário, grupos bolsonaristas tendem a ser minoritários, mas engajados o suficiente para saírem às ruas.

O terceiro insight apontado pela análise da A_Estratégia é que, apesar da influência da oposição, apoiadores do governo conseguiram subir mais hashtags no Twitter. Na semana do dia 7 de setembro, as hashtags de maior alcance explicitamente favoráveis à mobilização foram as seguintes: #dia07vaisergigante, com 739 menções únicas; #7desetpelaliberdade, com 210 menções únicas; e #diasetevaisergigantesco, com 169 menções únicas.

Alcance das publicações contrárias às manifestações do dia 7 de setembro em todas as redes sociais

Alcance das publicações favoráveis às manifestações do dia 7 de setembro em todas as redes sociais

Já as hashtags de maior alcance contrárias às manifestações do dia 7 foram as seguintes: #forabolsonaro, com 317 menções únicas; e #7sforabolsonaro, com 108 menções únicas.

Em outras palavras, os críticos das manifestações do dia 7 de setembro são menos organizados entre si e não subiram hashtags comuns contra o governo. Apesar disso, eles conseguiram um alcance maior no ambiente virtual como um todo. Ao contrário, apoiadores do governo Bolsonaro tiveram um alcance estimado total pelo menos 4 vezes menor, comparado à oposição. Todavia, eles tendem a ser organizados, combinar hashtags comuns para influenciar o ambiente virtual no Twitter, e se concentrarem em páginas no Facebook.

Sobre A_Estratégia

Por meio de Social Listening, ajudamos os nossos clientes a compreender o mundo ao seu redor, amplificando as conversas e os temas em pauta no ambiente digital para identificar insights, oportunidades e tendências. 

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