Social Listening: o que a população tem pensado sobre o uso medicinal da maconha?

Medicamentos derivados da cannabis têm funções terapêuticas para doenças como epilepsia, esclerose múltipla e Alzheimer. Seu uso pode mitigar os efeitos adversos de terapias contra o câncer e contribuir para o tratamento de ansiedade, depressão e anorexia, entre outros.

Apesar da importação de medicamentos derivados da cannabis ser permitida no Brasil desde 2015, o plantio da cannabis e a comercialização de derivados são proibidos. Por conta do tabu em torno da maconha e dos preços proibitivos da importação, incontáveis pacientes perdem a chance de cura e melhoria de bem-estar.

Um Projeto de Lei prestes a ser votado na Comissão Especial da Cannabis Medicinal busca mudar essa realidade. De autoria do deputado Fábio Mitidieri (PSD-CE), o PL 399/2015 objetiva viabilizar o plantio regulamentado e a comercialização de produtos derivados da cannabis no Brasil. Se for aprovado na Comissão, o PL segue para votação no Plenário do Senado. O Presidente da República poderá então vetar ou sancionar o projeto.

Como os brasileiros têm se posicionado em relação à cannabis medicinal e o que podemos esperar do PL? A plataforma de Social Listening da A_Estratégia avaliou o desenvolvimento desse debate. Entre os dias 1º de abril e 12 de maio, monitoramos o uso de termos referentes à cannabis, à maconha medicinal e ao PL 399/2015 em quatro redes sociais: Facebook, Instagram, Twitter e Youtube.

No período, discussões sobre o tema alcançaram a marca de 3.900 menções. Foram 192 mil interações nos posts, somando curtidas e comentários. Por fim, o conteúdo foi mostrado aos usuários mais de 34 milhões de vezes. A rede social mais usada para nas manifestações dos usuários foi o Twitter, que concentrou 57,1% dos posts. 

A plataforma de Social Listening da A_Estratégia nos mostra que o acontecimento que guiou o debate sobre a cannabis medicinal e o PL 399/2015 nas últimas semanas não foi o avanço no projeto na Comissão Especial, mas a reação do Presidente Jair Bolsonaro. No dia 20 de abril – Dia Mundial da Cannabis –, o deputado Luciano Ducci (PSB) apresentou seu relatório favorável ao PL. Apesar disso, as menções sobre o tema nas redes sociais cresceram apenas ligeiramente. Já no dia 11 de maio, Bolsonaro se comprometeu publicamente a vetar o projeto, considerado por ele “uma porcaria”. Foi a partir dessa reação que as redes sociais passaram a abordar o tema. 

Nossa análise aponta que, em maioria, os usuários se manifestaram de forma contrária e negativa ao posicionamento de Bolsonaro. De fato, a resistência à liberalização de medicamentes derivados da cannabis tem arrefecido com o passar dos anos. A pesquisa “Cannabis é Saúde”, recém-divulgada pelo CIVI-CO/Hub Cannabis, reflete essa realidade. De 1000 pessoas entrevistadas, 70% se disseram favoráveis ao uso terapêutico da cannabis.

Por outro lado, o posicionamento de Bolsonaro tem apoio de parte da população. Por exemplo, entrevistados da pesquisa “Cannabis é Saúde” utilizaram frequentemente as palavras “vício” e “droga” em suas explicações sobre os receios em relação ao uso desses medicamentos. A pesquisa também demonstra a falta de conhecimento por parte da população dos possíveis benefícios medicinais das substâncias encontradas na maconha.

Conhecimento e informação de qualidade são fundamentais para o amadurecimento da sociedade brasileira em relação à cannabis medicinal. Nessa luta incessante, o uso do Social Listening pode apontar oportunidades para discussões produtivas e encontrar gargalos no conhecimento da população sobre tema. Monitorar o sentimento das redes sociais permite construir conteúdos de impacto para avançar no processo de advocacy a favor da cannabis medicinal. 

Sobre A_Estratégia

Por meio de Social Listening, ajudamos os nossos clientes a compreender o mundo ao seu redor, amplificando as conversas e os temas em pauta no ambiente digital para identificar insights, oportunidades e tendências. 

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